sábado, 19 de junho de 2010

Inglaterra decepciona mais uma vez e se complica no Mundial

Era o jogo da reabilitação. Após um decepcionante empate com os Estados Unidos na estreia, por 1 x 1, a Inglaterra tinha na segunda rodada a chance ideal para se reerguer, enfrentando a Argélia, teórico time mais fraco do grupo. Porém, jogando muito mal, não passou de um 0 x 0 com a equipe africana, e complicou demais sua classificação.

Em termos da classificação em si, a Inglaterra ainda depende só do seu resultado: vencendo a Eslovênia, por qualquer placar, está garantida na próxima fase. O que preocupa é o futebol apresentado até aqui, que beira o patético em uma seleção cercada de tantas expectativas.

E aí parece morar o primeiro problema: o excesso de estrelas. Não é o caso de salto alto nem vaidade, mas fica a nítida sensação que os jogadores são tão estrelas em times tão rivais da Premier League, que um não tem coragem de dar uma bronca no outro, dar uma dica. Não se vê Jamie Carragher, do Liverpool, conversando com John Terry, do Chelsea; não se vê Steven Gerrard, do Liverpool, Frank Lampard, do Chelsea, e Wayne Rooney, do Manchester United, conversando entre eles. Todos estrelas máximas de seus times, e em campo parece que cada um tá defendendo a honra do seu clube, e não formando uma seleção.

Isso ofusca até análises táticas, mas elas precisam acontecer. Não tem perdão o técnico, disparado, o mais bem pago de todas as seleções do mundo, insistir de maneira tão estúpida em Emile Heskey, autor de 'incríveis' 5 gols em 40 jogos na temporada pelo Aston Villa. E não bastasse o jogador em si, sua escalação faz com que Gerrard jogue deslocado no setor esquerdo do meio campo, posição que ele nunca faz no Liverpool.


Naturalmente, os jogadores também têm sua parcela de culpa. A Copa do Mundo de Lampard é algo tétrico, digno de dar lugar a outro jogador no time titular, não tem justificativa tática que explique duas partidas tão abaixo da linha do inaceitável. Rooney não mostrou nada até agora, e isso é preocupante, pois a melhor alternativa tática é escalá-lo sozinho no ataque, entrando Joe Cole no meio campo pela esquerda e centralizando Gerrard, mas se o astro do Manchester United estiver com problemas físicos, jogar sozinho pode ser ainda pior.

Se Capello quiser insistir com dois atacantes, não tem sentido que um deles não seja ou Jermain Defoe ou Peter Crouch. A opção pelo segundo parece a mais acertada, pois Crouch sabe jogar com bola no pé, e essa seleção não tem o vício da seleção de 2006, que pegava a bola e logo tentava cruzar a bola na área, pois nenhum dos titulares tem essa característica que, em especial, David Beckham tinha na Copa passada.

A classificação ainda é possível, e até bem provável que ocorra, mas jogando do jeito que está, o English Team não vai longe.


Ficha da partida:

Inglaterra: David James; Glen Johnson, Carragher, Terry e Ashley Cole; Barry(84' Crouch), Lennon(63' Wright-Phillips), Lampard e Gerrard; Rooney e Heskey(74' Defoe).
Téc.: Fabio Capello.

Argélia: M'Bolhi; Bougherra, Halliche, Yahia e Belhadj; Yebda(88' Mesbah) e Lacen; Kadir, Boudebouz(74' Abdoun) e Ziani(81' Guedioura); Matmour.
Téc.: Rabah Saadane.

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